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Emaranhado

by Crush em Hi-Fi

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1.
Nem mais um gole Preciso enxergar Quero que o mundo pare Pare de girar Por favor me dê a mão Deixa eu te ajudar São tantas pessoas em volta Você tem que encontrar Alguém Você corre só pra trás Vive a me atropelar Precisamos de uma saída Para nos achar São tantas condições Precipícios a pular Dramas e paixões Você tem que encontrar com Alguém O tempo é traiçoeiro Nós somos só passageiros E você pode só acompanhar Alguém
2.
Observo o turvo-azul Por trás do vidro Há quase doze anos Desenho seu sorriso Nas paredes da cabine de controle Onde vivo Que pena No aquário onde você me deixou Nada disso importa Se te contasse breves e longos momentos, o que vi A alma dos peixes palhaços Mortos por anêmonas Seria o pior filme do cinema O plagiado poema Que pena No aquário onde você me deixou Nada disso importa
3.
Senha atualizada Pedido recebido Pagamento confirmado Seu recibo encaminhado Nossa equipe agradece Nossa equipe oferece Entregas Das sete às vinte uma De segunda à sexta-feira Exceto feriados Comente o serviço Responda a pesquisa Conheça nossa política O termo admitido Nosso termo eram capítulos Preparando seu pedido Ao posto enviado Pacote em garras Canhoto assinado Nossa equipe esplandece Comente o serviço Sua pesquisa recebida Conheça nossa política O termo subscrito Mas o termo eram fascículos Museu de cadastros Condições eram tentáculos Leiloando dados Números e hábitos Nossa equipe prevalece Nossa equipe esclarece Devoção Das sete às vinte uma De segunda à sexta-feira Exceto feriados
4.
É na calmaria da mesa de bar que ele se sente bem Enquanto uns falam, riem e se surpreendem, ele está sem As vozes e preocupações que o costumam ocupar E as imagens do que já foi, que volta a imaginar O caos que ecoa fora Acalma tudo que está dentro E os dissabores de outrora Somem em líquidos do acalento Ao longo da noite ele enche o copo inúmeras vezes Sua lente retarda o cenário e abstrai pessoas felizes Começa a sentir como sempre quis Começa a achar que está mesmo feliz O caos que ecoa fora Acalma tudo que está dentro E os dissabores de outrora Somem em líquidos do acalento Às vezes uns sentam ao seu lado para assuntar Querem saber seu nome e como veio aqui parar Ele tergiverse com sua habilidade vil Falar de si é reviver tudo o que já viu O caos que ecoa fora Acalma tudo que está dentro E os dissabores de outrora Somem em líquidos do acalento Na maioria das noites ele não faz quase nenhum som Seu único diálogo é apenas com o garçom Olha com ânimo até que ele perceveja Com a boca diz sem soar: mais uma cerveja O caos que ecoa fora Acalma tudo que está dentro E os dissabores de outrora Somem em forma de líquidos do acalento Amanhã é outro dia e ele sabe onde irá Nas mesmas noites cheias que iluminam o luar Nos mesmos pensamentos que te ajudam a fugir De tudo aquilo que o fez agir
5.
Suspenso entre o céu e a terra Sem poder fugir Todos dançam, comemoram Eu vejo o céu se abrir Ignoro toda dor Invertido a esperar A encenação neurótica O show vai começar Se for um sonho, eu quero acordar Se for um sonho, eu quero acordar Se for um sonho, eu quero acordar Se for um sonho ou pesadelo Sem limites para alcançar É tudo seu é só pegar Não se esqueça da regra Nada disso é de graça Ignoro toda dor Preocupado em escapar Preso em uma areia movediça Sem ninguém pra me ajudar Se for um sonho, eu quero acordar Se for um sonho, eu quero acordar Se for um sonho, eu quero acordar Se for um sonho ou pesadelo
6.
Existe uma tensão na superfície metálica Sem flor alguma e nenhuma pressão Existe um tilintar por trás do cimento batido Um edifício tão difícil de amar Existe uma tensão Estrada fechada pontes queimadas O meu desespero se encaixa na palma da tua mão Existe um sibilar, escama por escama Troca a pele morta todo dia no mesmo lugar Os mesmos velhos truques em transmissão contínua Existe uma tensão por cima da pele pálida Um falso abrigo puxa o gatilho e atira no que ele mesmo criou Existe um cochichar As mentiras são todas plásticas São artifícios, só resquícios de um susto que ainda não acabou Os mesmos velhos truques em transmissão contínua
7.
Georges Méliès pousou na lua Eu disse: Que loucura, baby! Uap-bap-lup-bap! Uau! Uau! Uau! Já estou passando mal E vendo uma imagem que não é normal E repetia: ?Que loucura!? Sonhando juntos numa sala escura Uma doença venérea minou minha saúde No prazer com as dançarinas do Moulin Rouge Uau! Uau! Uau! Já estou passando mal E vendo uma imagem que não é normal E repetia: ?Que loucura!? Sonhando juntos numa sala escura Achei a orelha de Van Gogh Numa tela burlesca da Belle Époque Uau! Uau! Uau! Já estou passando mal E vendo uma imagem que não é normal E repetia: ?Que loucura!? Sonhando juntos numa sala escura Georges Méliès pousou na lua Eu disse: ?Que loucura, baby! Uap-bap-lup-bap!? Uau! Uau! Uau! Já estou passando mal E vendo uma imagem que não é normal E repetia: ?Que loucura!? Sonhando juntos numa sala escura Georges Méliès landed on the Moon I said: ?Uap-bap-lup-bap-ulap-béin-bóm!? There´s a fight going on in the main saloon Horror, science-fiction, twist-shake-boom! I didn´t expect to fall in love so soon And by the way for the Creature of the Black Lagoon Georges Méliès pousou na lua Eu disse: ?Que loucura, baby! Uap-bap-lup-bap!? Uau! Uau! Uau! Já estou passando mal E vendo uma imagem que não é normal E repetia: ?Que loucura!? Sonhando juntos numa sala escura E repetia: ?Que loucura!? Sonhando juntos numa sala escura E repetia: ?Que loucura!? Sonhando juntos numa sala escura E repetia: ?Que loucura!? Sonhando juntos numa sala escura
8.
Rastejando pelo dia mais um sol no chão Um espelho sem começo, meio ou aflição E dançando sem cabeça, posso refletir Sem que nada prevaleça mais que existir Minha sala invadida, alagado estar Uma parte pressuposta dentro do meu lar Candelabros espalhados não perceberão As quinhentas mil cortinas do nosso verão Talvez hoje passe o tempo sem queimar ninguém Por enquanto desconheço quem não quis meu bem Pode ser que caia a chuva sobre o meu quintal Perigando ser de novo um dia ornamental
9.
Ouvi você me chamar aqui Com seu charme de trovador Nosso romance acidental Vem, deixa agora eu te sentir Qualquer lugar pode ser você Que faz meu corpo estremecer Desliga a luz Vamos nos suportar Quero me entregar E o quarto explodir O seu cheiro já me derreteu Quero morar aqui E ficar com você
10.
A pé no chão Na Sé, no vão Se quero ou não, não sei Não sei se passo mais por lá O não se vai O sim se foi Talvez agora não mais restará Não sei se passo mais por lá E meus olhos suam como o céu E o céu me molha com desprezo E todo o vento que vejo Se ajoelha ao meu lamento Vejo alguém mas não sei onde Sei quem mas não sei como Se quando for fechar a porta e abrir a outra Me esgotar a força morta que me faz andar Mesmo assim andarei Pois ao andar meus passos falsos Mesmo estando então descalço Sinto o chão em alguns cacos São todos sentimentos válidos Em quase todos os casos São todos ferimentos pálidos Que se secam Pois uma hora têm de secar Apesar da meia volta Que um dia ainda me esgota, Eu vejo e olho a mesma nota, Mas tocada em outro tom É só um leve suspiro bom Na tentativa que me vem Olho ali e já não sei Olho aquilo que encontrei Vou me esquecer de tudo, eu sei Até da morte que me vem E bate o pé atrás da porta E todas as tristezas sólidas Se desfazem pra dar espaço para outras novas Boas novas, talvez E meus ossos soam como a porta Minha vida soa como a corja Velha, riscada e torta Ovelha negra é ovelha morta Não acho ruim, até gostei Mesmo assim eu sigo na desdobra Em busca do dia em que me nota E me bota e me dobra, e dobra a minha vida a desdobrar Vejo algo incompleto Como este ou outro verso Não sei se é agora que começo Nem se devo, nem se espero Mas eu quero, e quero pelo menos tentar Mas talvez, poder tentar não dê Pois não se sabe Se a previsão de chuva acabe Como vai então chover? E o que fazer com o que eu vejo? E o que fazer pra que me veja? Eu olho tudo e penso Eu olho teu rosto e tento E tento mais então conter Com toda calma o que me vem Pode ser tudo, ou nada, eu sei Pode ser nada e muito além Pode ser água de beber Pode se pau para me comer Pode ser tudo, inclusive não ser Pode ser rato atrás do queijo Ou o carrasco atrás do beijo Ou marasmo em pau-de-sebo Pode ser válido o som que vejo Que seja então Que um dia se faça a obra A dobra na curva na cobra O veneno na chuva de pólvora O doce vento que então desdobra E entrega o lábio mais profundo E que lá se faça tudo Pro céu ver que eu me entreguei Mas veja, Que seja Se fosse antes da minha desova Seria uma boa hora
11.
Fique pra sempre vou estar aqui Mesmo que isso não dure te farei sorrir Todas as noites parecem voar Quando seus olhos são o mesmo que o luar Estou morrendo aos poucos nada é igual Sem você sinto que mandei muito mal E só o que sobrou foi história de nós dois Mas pra quê? No meu quarto te sinto e te desejo Mas do teu rosto eu não lembro Posso estar sonhando, queria que fosse assim Mas aquela bala atravessou em mim Todas as noites vou estar aqui Sempre que sorrir Outro dia no carro Senti você do meu lado Quando passei pelo lago Onde nadamos pelados Quando realmente partir Vou poder de novo te sentir
12.
Vem, vem, Joga o corpo na rua Te ver no Esquema na boa Eu só vejo estrelas Bem no céu da tua boca Eu tenho um segredo para te contar: De tão linda a tua cara eu queria nela sentar Eu só vejo estrelas bem no céu da tua boca Eu só vejo estrelas bem no céu da tua boca Deixa essa brisa acontecer É brisa certo Sentir o teu peito bater Aqui de perto Desenhar teu corpo no contorno Eu só vejo estrelas bem no céu da tua boca
13.
Minha mente não dá conta Desse faz de conta que descende em espiral Ninguém é especial Quando todo mundo há de ser especial Já nem lembro o que é que eu fui buscar Já nem lembro onde te pedi pra me esperar Viajei tão longe Pra curar feridas que o tempo ia abrir E lhe escrevo hoje, Vim, vi, perdi Não confie em quem te diz Que o amor é mais do que ilusão de ótica Não confie em quem te diz Que a alma é qualquer coisa além de tchotchke Sempre resta tempo até que não resta mais E tudo é eterno até que se desfaz Vim de muito longe Começar de novo, novo nome, novo aqui E lhe canto hoje, Vim, vi, perdi
14.
Chama pra tomar um lanche E demite a violinista Bate na porta do banheiro E manda embora o gaitista Fala ?tchau? pro produtor Só espera que ele se vista Diz ?sinto muito? pra backing vocal Riscou mais um nome da lista São tempos de crise no Brasil Vamos fazer um power trio Tempos de dor e de recessão Ao som de um duo de violão Inventa um problema de família E conversa com a dançarina Fala que a culpa é sua Que tem alergia à purpurina Já compre panos e cândida Para limpar a carnificina E não leve para o pessoal Se você for o próximo na guilhotina A solidão pode até Beneficiar um artista Só não demite tua advogada Nem o teu anestesista Não demite o teu anestesista Não demite o teu anestesista

about

O projeto "Emanharado", idealizado pelo site Crush em Hi-Fi, fez com que muitas bandas e artistas saíssem da sua zona de conforto na hora de criar sua música para o projeto. No álbum, cada participante enviou uma letra inédita, que foi redistribuída pelo site para outra banda ou artista, sem revelar quem a compôs. O desafio de quem recebia a letra era entender a cadência e musicá-la com sua própria personalidade, criando assim uma "parceria oculta". O resultado é um Emaranhado de colaborações.

credits

released February 20, 2020

"Emaranhado" conta com masterização de Raul Zanardo realizada na Porto Produções Musicais e arte de capa de Fernando Rodrixxx sobre foto de Rodrigo Polo. O disco já está disponível para streaming nas principais plataformas digitais!

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